Instituído pela ONU em 2014, desde 2015 que no dia 15 de julho se assinala oficialmente o Dia Mundial das Competências dos Jovens.

A palavra “competências” não nos deixa muitas dúvidas e todos reconhecemos a sua importância, em nós mesmos, já adultos; nos jovens que vão responder aos desafios socioeconómicos dos próximos anos; das crianças que começam, à nascença, a desenvolvê-las.

Em breves instantes, façamos um exercício simplista: qual a primeira imagem mental que nos surge quando pensamos em competências?

Espero ter-me enganado, e que a maioria dos que aceitaram o desafio, tenha pensado em competências abrangentes e relacionadas com o Ser e com o Estar. Não porque o Saber ou o Fazer não sejam importantes, aliás, segundo Delors (1999), os quatro pilares da Educação integram estas mesmas quatro dimensões: o conhecimento, a ação, a colaboração e convivência com os outros e, numa perspetiva inter-relacional, a formação pessoal, nas suas diferentes dimensões humanas.

Na assunção de que estamos todos alinhados, acredito que, juntos, percorremos o desafiante caminho de transformar o ensino (enquanto docentes) e colaborar com a transformação do ensino (enquanto famílias).

A ideia tradicional do ensino vê o seu foco centrado na aquisição de saberes (conhecer) e, um pouco menos, na capacidade de concretizar, agir sobre o desafio, sobre o meio (fazer). São estimuladas, maioritariamente, as competências cognitivas e técnicas.

No entanto, não descurando a sua importância, na realidade, a evolução social a que assistimos, cada vez mais rápida, em conjunto com o aumento das ferramentas que temos ao nosso dispor para procurar conhecimentos, de larga amplitude, em tempo real, faz com que, eventualmente, tenhamos de mudar o paradigma do ensino, fazendo-o acompanhar, a passo, este processo.

A ideia anterior coloca-nos perante um enorme desafio! Mas qual foi o tempo em que ser docente ou ser pai/família não o foi? Falamos de desafios diferentes, mas que sempre se colocaram e que, numa relação de parceria famílias-escolas, podem tornar-se, hoje, mais facilmente alcançáveis.

Entramos então nas competências pessoais e sociais: no Saber Ser e no Saber Estar com os Outros. Consideremos competências que, independentemente da incerteza do futuro, poderão sempre colocar-nos à altura de o enfrentar: competências relacionadas com o “aprender a aprender” para buscar fontes de conhecimento amplas e fidedignas; com a autonomia e a autoestima, acreditando nas capacidades próprias; com a comunicação e assertividade, para exprimir ideias e conduzir processos; com a proatividade e a resiliência, para avançar seguro, mas ser capaz de persistir nas dificuldades e aprender com os erros; e a criatividade que permitirá não ser um mero reprodutor de ações passadas, mas sim um espírito aberto a novas propostas e soluções.

Por outro lado, consideremos um Ser que não vive isolado em si mesmo, e que se co constrói na convivência com outros Seres, com base no respeito, na igualdade e na colaboração. Seres que, em conjunto, são capazes de responder aos desafios económicos, tecnológicos ou ambientais mas sem esquecer que “olhar e escutar o outro” faz parte do processo; capazes de se deixarem encantar pelas maravilhas do Ser Humano e da Natureza e viver em harmonia com elas; capazes de perseguir convicções assentes na Justiça, Equidade e Paz.

Não encaremos esta missão desafiante como utópica. Cabe-nos acreditar que é possível deixar este legado; que cada geração é diferente, mas igualmente capaz; que esta é também a nossa missão no Mundo. E, acima de tudo, que se queremos ver estas competências nos nossos jovens, é tempo de começar a mostrar-lhes o nosso (bom) exemplo!

 

 

Webgrafia:

http://dhnet.org.br/dados/relatorios/a_pdf/r_unesco_educ_tesouro_descobrir.pdf

Susana Alberto - Consultora pedagógica