A propósito da comemoração do Dia Mundial das Redes Sociais (30 junho), deixo uma breve reflexão sobre estas, e as tecnologias em geral, e o papel que ocupam nas nossas vidas, e nas vidas das nossas crianças e jovens.
Na generalidade, todos nós já aderimos a uma ou mais redes sociais. Partilhamos citações, pensamentos, loucuras, gargalhadas e fotos. Encontrámos amigos de outrora; fizemos novos. Parte de nós existe nestas plataformas. Naturalmente, as nossas crianças e jovens não serão diferentes. E as tecnologias permitem-lhes, cada vez mais, aceder ao Mundo!
Como adultos, questionamos algumas vezes esta tendência; assinalamos as diferenças relativamente à nossa infância e juventude. Eram muitas. Muitos de nós, cresceram a brincar na rua, entre amigos, sem acesso a qualquer tecnologia. Era esta a única rede social que tínhamos. E não fomos infelizes por isso! Era bom.
Mas tudo evolui. O mundo evoluiu e assim vai continuar. E nós evoluímos com ele. Imaginem então as nossas crianças e jovens que já nasceram na era digital, no contacto natural com as tecnologias que ultrapassa claramente o nosso tempo de aprendizagem e adaptação. Isso é mau?
Esta questão é colocada muitas vezes: entre pais e entre profissionais de educação. Todos procuramos a melhor resposta que, provavelmente, só existe se modificarmos a questão e lhe acoplarmos muito bom-senso e tranquilidade.
Vamos refletir… as tecnologias são o presente. Através delas facilitamos imensas operações do nosso quotidiano, interagimos com familiares, amigos, colegas de trabalho ou outros, acedemos a formas de lazer e entretenimento. Elas fazem parte de nós. E nós somos o exemplo para as nossas crianças e jovens, para quem o apelo das mesmas já é algo natural.
Então é bom?!
Sim, se usarmos as tecnologias de forma equilibrada e positiva e se for essa a imagem que lhes passamos. Se respeitarmos a sua identidade e privacidade, poupando as crianças que nos são próximas a partilhas sobre si mesmas que possam mais tarde provocar-lhes constrangimentos. Se, desde muito cedo, lhes passarmos conhecimentos sobre o respeito por si mesmos e pelos outros aplicado também às vivências nas redes. Se estivermos presentes e atentos, sem ser intrusivos, presencialmente e online. Se os incentivarmos, desde cedo, a investir noutras formas de lazer, especialmente que promovam a interação presencial, o acesso a formas diversas de cultura, o exercício físico e o contacto com a natureza. Se formos nós próprios o exemplo deste equilíbrio.
Gostamos então de “espreitar as redes sociais”? De usar aplicações que nos divertem e facilitam? É natural que as crianças e jovens também gostem. Cabe-nos a nós, adultos educadores, negociar o q.b. e fazer o q.b.
E, finalmente, aceitar que posições extremadas nunca foram boas conselheiras: a permissão sem controle ou a proibição, seguramente, podem correr mal… e, por outro lado, mesmo na busca desafiante pelo equilíbrio, aceitar que, nas correrias da vida, todos vamos ter momentos em que desequilibramos os pratos da balança e recorremos às tecnologias para fugirmos de um verdadeiro ataque de nervos (meu querido Youtube que fazia magia na hora da birra do segundo prato)!
A tecnologia existe hoje, vai existir no futuro e não tem de ser um bicho-papão! Quando muito, a moderna (e mais positiva) versão do “homem do saco”!